Dra. Filipa Miranda

Como posso gerir as birras do meu filho?

Para lidar com a birra é importante perceber que:

  • As birras são apenas um sinal de que o seu filho ainda não tem ferramentas para lidar com a frustração e raiva;
  • Segundo a psicoterapia somática o movimento é uma forma inconsciente de libertar emoções por isso é usado muitas vezes pelas crianças;
  • São mais frequentes antes dos 6 anos, uma fase que o córtex pre-frontal ainda não esta bem desenvolvido e em que a criança precisa de limites e começa a testar sua autonomia em relação aos pais;
  • A criança, numa fase aguda de birra, não tem capacidade de o ouvir por isso, para falar com ele, só após passar o período agudo.

Como gerir?

Na fase aguda:

  • Tentar manter a calma e não gritar ou dizer que a mãe ou pai ficam tristes com ele;
  • Se o seu filho estiver a ser violento contenha-o fisicamente, explicando sempre, que o estamos a abraçar porque, na nossa família, nós temos a regra de não magoarmos  a nós próprios ou a outras pessoas;
  • Se estiver num local publico tente tirá-lo do centro das atenções;
  • Pode colocar-se ao nível do nosso filho, mostrar que está lá presente e falar com empatia, esperando que se acalme mas não cedendo ao seu desejo.

Após a fase aguda:

  • Explicar-lhe que a raiva e frustração são apenas emoções e que nenhuma emoção fica sempre connosco e por isso lhe vamos ensinar outras estratégias.  Podemos inspirar pelo nariz e expirar pelo boca com a língua para fora como um leão, bater numa almofada, dançar uma musica mexida “abanando o corpo” para que a emoção “saia”, usar a respiração da borboleta (ver link abaixo), usar o desenho ou se forem mais velhos a escrita para exprimirem como se sentem;
  • Tente perceber a razão e se pode ajudá-lo nesta situação. Por vezes, as birras são mais frequentes em períodos em que existe uma mudança na dinâmica familiar ou na escola, e, se assim for, é bom tentar arranjar  em conjunto, uma estratégia para gerir este período desafiador;
  • Fale  com os seus filhos sobre as regras da vossa família, para que saibam os valores que lhes querem transmitir. Por exemplo:  na nossa família não é permitido que batam em outras pessoas ou fazermos mal a nós próprios, ou que façam comentários depreciativos em relação a raças. E se algum dia alguém em casa violar um desses princípios, automaticamente paramos o que estamos a fazer, e vamos lá e explicamos que em nossa casa isso não acontece para perceberem que somos consistentes no que dizemos;
  • Explique-lhes, com amor, que não temos uma relação de igual para igual,  por exemplo que não podem desapertar o cinto quando o carro está a andar ou ir de chinelos para escola no inverno. Quando sabem que há há decisões que são da responsabilidade do adulto, eles vão relaxar mais e ter menos necessidade de controle, concentrando-se mais no brincar e em coisas próprias da infância.